Ele ama e faz disso um programa quase religioso.
As pessoas vão à missa aos domingos, ele quer ir ao teatro.
Hoje foi a estreia do FITO - Festival Internacional de Teatro de Objetos, que vem pela segunda vez ao Recife. Ontem fui à abertura oficial com Riva e pelo nível do espetáculo já percebi que seria a praia de Bento. Então, lá fomos nós.
Chegamos cedinho ao Recife Antigo e ele todo animado - nem reclamou de caminhar da Dantas Barreto ao Marco Zero, bom menino. Por sorte, encontramos Gê na porta da sala que eu queria assistir. Ela nos colocou para dentro e vimos junto com Lua e Ivanzinho a peça Zoo Ilógico, do grupo paulista Trucks. Na peça, amigos vão ao zoológico e ele está fechado, então precisam improvisar e criar bichinhos com o material que eles levaram para o piquenique. Altas gargalhadas e muitas descobertas.
Vale uma observação, Bento ficou encantado por Lua. Ela toda linda, conversou e se jogou com ele antes do espetáculo. Em troca, ele foi o mais gentil dos amigos e até ofereceu a ela o último mentos do pacote! Um gentleman...
O gato, feito de peneira e paninhos.
O perigosíssimo elefante, bacias, regador e estopa formam o bicho capaz de assustar um leão.
Assim que terminou, ele perguntou: "E agora?" "Agora vamos atrás de outro teatro", respondi. Então foi com esta frase que ele saiu da sala. "Vamos pocular outo teato!". No meio do Marco Zero, reencontramos Gê. "Gostou da peça, Bento?" "Gostei. Vamos pocular outo teato". "Agora!"
E lá fomos nós rumo à Cozinha Louca, um espetáculo alemão de Peter Ketturkat. E o imaginável aconteceu: foi ainda melhor que o primeiro. Como o idioma seria um obstáculo, os atores usam apitos para representar a voz dos personagens, todos criados com acessórios de cozinha. Uma história incrível de amizade, coragem e superação. Tudo feito para as crianças, que lotaram a sala. Mainha parecia mais uma delas, de tanto que riu fácil com as piadas. Bento gargalhava e perguntava sobre tudo.
O jacaré feito de espremedor de batatas.
Na boca do ator, a engenhoca com diferentes apitos.
O trenzinho feito de escovas e madeira.
Já era noite quando saímos. Riva já nos esperava no Café e assim que ele viu o tio já foi dizendo. "Vamos pocular outo teato!". Então fomos, ver uma apresentação bem diferente, Transportes Excepcionais, da companhia francesa Beau Geste, onde uma retroescavadeira dançava ópera com um homem. Bem quietinho, sentou na calçada e assistiu.
Impressiona pela emoção e a força do bailarino diante da máquina.
Noite encerrada no Delta, onde ele já chegou, puxou a cadeira e disse "Quero café não, tá? Quero um leitinho de gagau e uma aveiazinha para colocar no suco". OK. Leite na mão, chegou apagado em casa, depois de um dia do jeito que ele gosta, cheinho de boas histórias.
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