Mãe substituta
Com um banguelão no braço e uma banguelinha escritora
Foi o meu primeiro dia como mãe.
Um sonho alimentado há mais de dez anos acabou acontecendo bem diferente do que imaginei por todo esse tempo.
Para a maioria das mulheres, a maternidade acontece na hora em que vê o positivo no exame de farmácia, ou ela pode ser considerado também aquele momento em que a mãe dá a primeira olhada no bebê, ainda na sala de parto, e encosta ele em seu rosto. O primeiro sentimento como mãe pode vir até na primeira mamada, quando os dois estão sozinhos, numa conversa que só os dois entendem.
Para mim, não funcionou assim.Meu primeiro dia como mãe foi bem tardio, mas me deixou com todas as expectativas de uma primeira viagem. Inseguranças, pânico, mas muita vontade de acertar, de fazer qualquer coisa para a aquele ser tão frágil não sofrer e ter o melhor dia da sua vida.
Virei mãe substituta de Bento este domingo. Dei minha cara à tapa e pedi ele para mim enquanto Marcelle foi ao samba de Karynna, lá no Morro da Conceição.
Fui com Riva e as crianças a uma festa de aniversário da família dele. Bento foi junto e, como sempre, foi um sucesso.
Mister simpatia. Sorriu e pulou nos braços de toda a mulherada, agregando fãs por onde passou. Depois de cinco minutos de bate papo sem noção, todas estavam encantadas pela figura.
Momentos fantásticos, que duraram até o abuso do sono chegar. Aí foi a minha vez de “desesperar”, fazer malabarismos para ele não sofrer com fome, sono, calor ou seja lá qual fosse o motivo que o levava a se esgoelar por infindáveis minutos.
Claro que já havia trocado fraldas, dado mamadeira, ajudado a dar banho, a acalmar na hora do choro. Mas tudo isso havia sido feito sob a inspeção de pessoas graduadas no assunto. Desta vez era eu e pronto. Minha total responsabilidade. Tudo nas mãos de uma mãe que "nem é de primeira viagem", como ouvi pessoas comentando durante a festa ao observarem minha inexperiência no assunto.
Não temi. Não vacilei. Sim, talvez eu tenha demorado para acertar o passo. Provavelmente um mãe com mais tempo de estrada tivesse resolvido toda aquela angústia bem rapidinho. Mas eu precisava do meu tempo, precisava entender as necessidades dele para tomar minhas resoluções.
Tirar a roupa para amenizar o calor. Dar mamadeira. Trocar a fralda. Ninar. Pôr para dormir.
No final, deu tudo certo. Ele pegou no sono no carro, com o som bem alto, do jeito que ele adora. E o entreguei dormindo nos braços de Sônia (a babá), lá na casa de voinha. Marcelle, previamente avisada, chegou dez minutos depois para assumir a cria.
Meu dia como mãe substituta durou umas cinco horas, mas me fez muito mais forte. E deixou a certeza de que posso fazer isso quantas vezes for preciso, cada vez melhor.